Texto escrito em 4 de julho de 2010, cujo título foi concebido após um golpe no teclado...
"Hoje não estou em um dia muito bom.
Não sei por que, mas às vezes me permito lembrar e fantasiar situações que talvez estivessem melhores se sepultadas no profundo do esquecimento e indiferença. Mas eu não sou assim. Tendo a guardar antigas marcas sob meu travesseiro e, sempre que as preocupações do dia-a-dia se apagam com as luzes do meu quarto, tais memórias eventualmente invadem minha mente e me levam a um mundo diferente, em que vontades perdidas podem ser tangíveis. Isso não me faz muito bem.
Ontem tive mais uma vez a confirmação de que não sou alguém comum. Sentado, observava o movimento, as pessoas se alienando numa massa irracional, dançando, se mexendo, bebendo copiosamente, num jogo de aparências do qual, teimosamente, me recuso a fazer parte. Vejo pessoas superficiais, relacionamentos superficiais, vivo essa superficialidade mesmo que involuntariamente. Aliás, pior: vivo essa superficialidade apesar de lutar fortemente contra ela.
Talvez minha maior luta seja realmente comigo mesmo. Com minha incapacidade de traçar planos e objetivos e busca-los de forma pragmática e irracional. Talvez o pensar demais e o sentir demais sejam dois de meus maiores defeitos. Não que eu não goste do meu senso crítico, do meu eu; nada disso. O problema é que ser assim me coloca numa situação extremamente desconfortável perante as outras pessoas. Talvez, se eu fizesse parte da onda de descerebração, me confortaria com tão pouco que reflexões dolorosas como essa nunca viessem à minha mente.
Meio e dia e meia, e mais parece que estou numa manhã solitária, nesse quarto com pouca luz devido à cortina apenas entreaberta. Minha mente nubla agora, entre esperanças, reflexões, tarefas... me sinto momentaneamente sem forças. Não sei o que faço, que atitude tomo. Acho realmente mais saudável voltar à rotina de ver a vida com bons olhos e ignorar esses “baixos” que me ocorrem. Uma pena que coisas tão intensas tenham sido apenas jogadas no lixo.
O mundo é lamentável."